sábado, 27 de fevereiro de 2010

FERRO, Marc. A manipulação da história no ensino e nos meios de comunicação. A história dos dominados em todo o mundo

LIVRO: A manipulação da História no Ensino e nos meios de comunicação AUTOR: Marc Ferro
Um breve comentário.
Controlar o passado ajuda a dominar o presente, a legitimar tanto as dominações como as rebeldias. Ora, são os poderosos dominantes Estados, Igrejas, partidos políticos ou interesses privados - que possuem e financiam veículos de comunicação e aparelhos de reprodução, livros escolares e histórias em quadrinhos, filmes e programas de televisão. O passado fica passado uniforme. E surge a revolta entre aqueles cuja história é "proibida". O autor estuda várias épocas, vários regimes, insistindo principalmente na História "institucional" que tem a função de glorificar a pátria e legitimar o Estado e a dominação. A preocupação de tornar o passado asséptico e de deixar a História sem problemas evidencia-se através do livros didáticos, em primeiro lugar, sobre os quais têm poderes de pressão não só os governos apóiam, além dos interesses comerciais das editoras. São utulizadas várias formas para se unificar as histórias além dos anteriormente citados, está o cinema. Marc Ferro faz uma brilhante análise dos reflexos da ideologia dominante sobre o cinema norte-americano e do tratamento dado pelo cinema polonês à Segunda Guerra Mundial. A manipulação do passado esta bem longe de se limitar aos livros didáticos. A história dos dominados, dos que não tem voz - ou então a contra-história dos recém-chegados ao poder. No primeiro caso Marc Ferro cita os chicanos nos Estados Unidos, entre outros; no segundo, a reelaboração da História nos países africanos, onde, como observa o autor, o discurso só muda de sinal: os discursos da história eurocêntrica são os mesmos, em sentido contrário. Elaborar a História a partir de uma só fonte cheira a tirania ou impostura. É próprio da liberdade deixar que várias tradições históricas coexistam e até se combatam. Mas a reelaboração da História pode contar com uma alternativa à História Institucional: é a memória coletiva, a memória das sociedades, que precisa ser pesquisada através de suas manifestações: as festas, as tradições populares, como o Marc Ferro faz ver no capítulo sobre a Espanha. "Esta História sobrevive intacta e autônoma, ou melhor, enxertada e continua muito viva apesar de todas as negações da História oficial e erudita. Ela não é veiculada à maneira de uma contra-história, mas se justapõe à História institucional".

“Mamãe, por que odeiam os judeus?

-Porque eles mataram o Menino Jesus e envenenaram os poços, segundo me ensinaram no catecismo quando eu era pequena...”

Heydrich: “Sei que tudo isso é mentira, mas que importa? Essa tradição pode nos ser útil” Holocausto

1. A HISTÓRIA “ BRANCA” : Johannesbourg

A história “branca” morreu; a história”branca” não está morta.

Muitos estudos foram feitos tendo como objeto o livro didático e a influência que ele recebe ao passar dos anos.

Assim vemos, nos anos cincoenta, por exemplo (nota Denise Bouche) a próposito da África Negra, observam-se algumas concessões nos manuais escolares: os toucouleurs de El Hadj Omar, que resistiram à conquista francesa de 1870, deixaram de ser chamados de “muçulmanos fanáticos”: e Omar não “sauqeia” mais o Bambou. Ele o “conquista”. Temos também o exemplo ocorrido em Marrocos, onde desaparece das páginas escolares (terceira série) uma ilustração referente a 1907 que mostrava vários cadáveres de marroquinos em Casablanca, cuja legenda dizia “uma rua depois da passagem dos franceses”.

Já na África Africaner a história não depende só da sua origem “branca” que, segundo a expressão de Franz Fanon, “é a história do homem branco e não daqueles que ele oprime, violenta, pilha e mata” Essa história mergulha igualmente na tradição “cristã”; a Bíblia e o fuzil sempre foram para os bôeres, nos imensos espaços do país, os companheiros do medo e da solidão.

Em 1838, os bôeres imigram fugindo dos ingleses que queriam dar aos negros o mesmo estatuto dos brancos.

“ Isso era contrário à lei de Deus e oposto à diferença natural de rala e religião. Para todo bom cristão, tal humilhação seria intolerável: por isso preferimos nos afastar, a fim de preservarmos as nossas doutrinas em toda a sua pureza”. Justificavam.

Em 1852 é fundada a Primeira Republica Africaner do Transvaal, cuja Constituição pregava: “Não se tratará do problema da igualdade entre brancos e não-brancos, nem na Igreja nem no Estado”.

África do Sul, terra de liberdade e tolerância religiosa. Esta é a primeira doutrinação recebida pelas crianças daquele país. Tal introdução a História é reforçada por outros dados: chegada dos refugiados huguenotes, e também de outros países vindos ao encontro dsa liberdade. Foram esses cidadãos livres que constituíram a Nação que, na luta contra os ingleses, deram menos importância ao ouro e às riquezas do que os valores mais nobres da fé...

O problema das reservas negras e a justificação do Apartheid

Na história ensinada às crianças, assim como na memória “branca”, os bantos teriam deixado os Grandes Lagos e a África Central em direção à Africa do Sul, ao mesmo tempo em que os brancos se dirigiam para o norte. Os negros teriam colidido com o avanço dos migrantes bôeres; assim, os participantes da Grande Migração estariam enveredando por terras vazias e sem dono, depois dos massacres cometidos pelos zulus e pelos matabletes.

“emissários dos bôeres, enviados como batedores, em 1834, para recolher informações sobre as regiões situadas além do rio Orange, trouxeram notícias muito favoráveis a respeito da fertilidade das terras e da qualidade das pastagens. Parecia também, que as terras estavam quase vazias de habitantes, isso porque os indígenas tinham sido massacrados em massa pelos zulus e os matabeles, e os sobreviventes se escondiam.”

De sorte que, de certa maneira, a chegada dos brancos salvou os negros do extermínio...

“Os migrantes destruíram o poder dos matabeles e dos zulus. Isso significou não só a abertura do território ao povoamento branco mas o fim das terríveis guerras que devastaram o país e destruíram as tribos menores. Outro resultado foi que, sem o fazer de propósito, os migrantes salvavam as pequenas tribos do aniquilamento ao suprimir o poder daqueles que até então as aterrorizavam”.

Esses itálicos são nossos e atestam que os livros didáticos são mais sutis do que o discurso dos políticos.

Marianne Cornevim mostra enfaticamente que essas afirmações são um mito. Ela as refuta, apoiando-se em trabalhos antropológicos e arqueológicos dos últimos 15 anos, que compravam que os bantos já estavam lá e foram dispersos após a luta anglo-bôeres. Comprovam principalmente que a atual distribuição das reservas negras é resultado da política de força praticada pelas autoridades brancas que expulsaram os negros das melhores terras. É totalmente errado dizer que eles se encontram em seus territórios de origem, como o afirma a versão oficial.

A Boa Consciência Racista

“ Você gostaria de viver com pessoas que nunca se lavam?

Você gostaria de se vestir só com uma manta de pele?

Você gostaria de passar a vida num deserto e de não ir para a escola”?

Esse questionário comprova a visão simultaneamente biologista e racista de uma certa história “branca” que só a Africa do Sul perpetua abertamente, mas que triunfava ainda não há muito tempo em livros de grandes “nações colonizadoras”.

Mas a característica mais notável é, em nossa opinião, o último capítulo daquele livro, no qual é apresentado o inventário dos sítios históricos da África Africânder, os cincoenta lugares que seriam povoados para melhor enraizar o cidadão numa terra que lhe poderia vir a ser contestada.

Fenômeno semelhante, só se encontra nos Estados Unidos e no Canadá, porque o índio ou foi fechado numa reserva, ou exterminado. A peregrinação, dessa maneira, fixou o cidadão à terra onde ele só está há várias gerações. A História praticada com os pés tem assim a função simbólica de um exorcismo.

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2. - A História Descolonizada: a África Negra.

Mac Ferro destaca que o conhecimento do passado é estratificado em três níveis. A) “O mais enraizado, o da tradição oral, não se situa só nos fatos, mas também nos mitos. Assim, a lenda de Chaka ou de Sundiata tem tanta realidade quanto os seus feitos verdadeiros; e Torodo se identifica tanto com os fatos quanto com a lenda que cerca El-Hadj-Omar.

b) O segundo estrato é o da História como foi ensinada pelo colonizador.

c) Depois da independência, a reavaliação geral da história africana ora em desenvolvimento.

suas expectativas manifestam-se, entre outras, na revista Afrika Zamani e seus resultados aparecem nos novos livros didáticos da África de fala francesa, oferecendo a imagem de história descolonizada.”

A aventura do Reino Zulu, (1816-1828) mistura lenda e história.

A literatura negra africana, principalmente a de língua francesa, assimilou-lhe a substância e lhe deu nova função.

Chaka guerreiro de bravura, traiu seu suserano, que não queria aceita-lo como sucessor. O suserano caiu prisioneiro. Chaka assumiu seu lugar e modernizou a arte militar e reorganizou o exército. Aprimorou as armas de combate zagaias, (tornando-as mais curtas para o combate corpo a corpo) Estimulou os treinamentos específicos,(incluindo as mulheres, sob o olhar brilhante dos guerreiros). Incluindo provas que promoviam o espírito de competição e terminavam com um campeonato. Os vencedores ganhavam as mais belas moças solteiras da concessão real. Depois de doze anos desse regime, cansada dessa tirania militar e administrativa que fazia do reino Zulu uma potência militar e territorial temível, da qual brancos não se aproximavam, uma parte do exército se revoltou e Chaka foi assassinado, Sua morte deixou livre o caminho para os brancos dominarem a África.

Transformado no Cristo Negro por uns, símbolo de negritude por outros, Chaka e sua movimentada vida foram transfigurados pela tradição oral e escrita.

Thomas Mofolo: Seu herói triunfa, mas com a ajuda do Diabo comete mil crimes e exações antes de morrer em uma conspiração tramada por seus irmãos.

Em outras versões, Chaka aos dezenove anos mata um leopardo, desafia os feiticeiros-guerreiros, manda encerrar numa cabana, sozinha com uma hiena voraz, uma rainha inimiga.

Enquanto para o cristão Mofolo a morte de Chaka simbolizava a derrota do mal, daí em diante passa a evocar o sacrifício heróico daquele que é o Pai Fundador de um verdadeiro estado africano. Sua morte anuncia o apocalipse.

Nossos antepassados gauleses.

A pesquisa de (apud, Denise Bouche), sobre o ensino no Senegal 1817 a 1960, no começo apenas os filhos dos europeus iam à escola, o ensino era mantido pelos Irmãos de Ploermel e pelas Senhoras da Imaculada Conceição, sendo que a noções de História era tramada entre história sagrada. Desde 1898, as escolas publicas do Senegal sofreram censuras pelo diretor Garrigues, por ensinarem exatamente as mesmas matérias da França. “ Parece que poderia ao menos omitir o assassínio de Clotário e o Batismo de Clóvis” . Julgava também que “há alguns inconvenientes em revelar, através da nossa história, os erros que cometemos antes de chegar ao estágio de civilização que possuímos”. Georges Hardy insistia “ Não é a história da França que propomos, mas o poder francês, encarado de um ponto de vista histórico, para lutar contra a história tendenciosa e muito frequentemente antifrancesa dos marabus e principalmente dos griots (espécie de cartomante da África Negra) que apresentam as vitórias francesas como momentâneas e devido a causas passageiras”. A história que se ensina às crianças não se limita apenas ao ensino dela, mas perpassa por todas as áreas da prática escolar.

Franz Fanon escreve “ O Senegal está excluído, salvo quanto à sua submissão depois da regeneração sob a égide da França colonizadora...E é assim mesmo em toda a parte onde reina a França: sua presença encarna o progresso da história e da civilização.

“A história, daí para frente, no ensino primário, é a da França; no secundário, a que vai da Grécia a Roma e, a seguir, a história vista da Europa”. A cronologia baseada na própria dinâmica das sociedades africanas, sugere o desligamento da cronologia ocidental. Entre muitas explicativas estão como renomados os “países da costa” constituídos pelos reinos de Benim e pelas cidades iorubas por volta do século XVI, os reinos bantos surge mais tarde, tidos como ricos e pacifistas.

Um tráfico em sentido único

Com relação ao Islã, nota-se o mesmo “comedimento” nos capítulos consagrados ao tráfico negreiro que, entretanto, escreve de título ao livro da quarta série.

Quando se tratou de relembrar os crimes cometidos pelos árabes, que transformaram em eunucos e privaram de descendência milhares de cativos...enquanto o inventário dos crimes cometidos pelos europeus ocupa, aliás justamente, páginas inteiras.

Que visão do passado é apresentada hoje aos descendentes daqueles desenraizados?

3 - Nota de Leitura Sobre uma Variante: Em Trinidad, a Reação Exorcista,

“não devemos nos esquecer que em muitas partes do mundo as pessoas discutem e brigam simplesmente porque não aprenderam como viver com os que não têm a mesma religião ou a mesma cor de pele. Aqui ( em Trinidad-Tobago, Barbados e Jamaica), nas Índias Ocidentais, sabemos como agir e o fazemos à muito tempo. É uma grande coisas. Poderíamos ensiná-los ao resto do mundo e ficaríamos orgulhosos disso”.

Our Heritage – Livro de História

Destacamos nesse capítulo; a diversidade existente nas ilhas de Trinidad-Tobago, a imprensa e a televisão, e a infra-estrutura econômica dominada pelo estado, o petróleo, os hindus foram convertidos em senhores da economia de mercado e senhores da terra. São proletariados dependentes dos dirigentes e da comunidade, no entanto, apesar do controle dividido politicamente, a comunidade negra ocupa a posição dominante. “[...] enfim os ingleses, senhores das duas ilhas desde o Tratado de Amiens (1802), e que as marcaram fortemente com a sua presença levando-lhes, entre outras coisas, os trabalhadores hindus. Os ingleses reconheceram a independência das ilhas Trinidad e Tobago em 1962.”

O exorcismo mostra-se como a prática do discurso histórico reservado as crianças citados neste texto que abre o capítulo. São negados os conflitos entre as raças, principal realidade das ilhas. O livro Our Heritge, o primeiro livro de história colocado nas mãos de crianças negras, os nega e anula desde os primeiros parágrafos. Outros capítulos tratam das grandes civilizações que constituem a herança da população Caraíba; China, Índia e África. Desta forma mistificam a história com contos supérfluos e desprovidos de veracidade como por exemplo “Dois Homens Célebres”, onde conta como Booker T Washington, antigo escravo que se converteu em nada menos do que diretor de um colégio, o Tuskegee College, no Alabama, e o segundo George W. Carver, engenheiro botânico que descobriu trezentas utilizações do amendoim e 118 da batata. “Foi admirado por todos nos Estados Unidos, tendo sido até convidado pessoal de Stálin”

A seguir, vem o capítulo da escravidão.

“A expansão do Cristianismo teve como resultado o desaparecimento da escravidão da Europa e os escravos tornaram-se servos. “Os muçulmanos da Turquia tinham o hábito de vender como escravos todos os cristãos capturados, a menos que eles abjurassem sua religião e se tornassem muçulmano.”. O tráfico de escravo aparece, anos mais tarde, como um fenômeno de forma não especifica. Não é considerada de sua massificação, de sua amplitude, de sua permanência. Não é dito ou lembrado que todos os negros habitantes do continente americano foram trazidos como escravos.

E imediatamente, para o jovem africano que vive na América Central, a imagem que ficará dessa história da escravidão será somente daquela única ilustração constante no livro. “dos jovens ingleses levados para Roma como escravos”.

4 - Nas Índias, A História Sem Identidade.

A Índia, já contava antes de ensinar versões externas, histórias que foram adaptadas pelos que a invadiram.

“Como na África Negra, a revalorização do passado permite avaliar melhor a degradação do presente” (Marc Ferro)

A sabedoria dos povos hindus vem “dos Vedas, que ensinam a dominar a felicidade e a infelicidade, a cólera e a inveja, e a procurar a verdade.” Ensinam-lhe, também por Vedas, que “alma nasce muitas vezes e que Deus é Um.” A crença hinduísta percorre a História, sem distinção dos julgamentos das exposições dos fatos. Por isso algumas lendas trazem uma purificação de tudo do passado, esconde as faltas eventualmente cometidas, estabelecem o silêncio para não empanar a imagem de alguns mitos, em suas lendas. Na verdade, não se verá em toda a obra que é destinada a crianças hindus, jamais se alude aos sistemas de castas, a não ser para deplorá-lo: “ foi uma grande infelicidade para a Índia...”

Na Índia, sua crescente desigualdade social é sentida pelos oprimidos, que acreditavam que o islã seria uma religião igualitária e não distinguiria pobre e ricos. islã lança um desafio ao hinduísmo, que reagiu preconizando uma religião voltada à pessoa e não ao ritual, objetivando a sublimação do individuo em Deus, como uma forma de afastar-se das duras realidades da vida. Os brânames (a elite) resguardaram-se no misticismo, e as classes populares buscaram refugio na sua contemplação, por motivo de desgraça do tempo, tinham perdido tudo, mas restava a fé, resgatada pelos santos Bhakti. Sendo que os santos ensinavam que tanto rico com pobre podia se comunicar com Deus. A religião era considerada uma libertação, além do que, Tusidas escreveu o Ramayana em híndi popular, teve por efeito reduzir o número de conversão ao islã, favorecendo o tal sincretismo em resposta a desigualdade.

O autor traz no capítulo quinto, sob o título de História do Islã ou História dos Árabes, ele destaca que se existe na História uma comunidade de nação que ocupa um lugar privilegiado, são os países do islã. O contacto com os conquistadores estrangeiros revitalizou a História, que tiveram a oportunidade de um segundo nascimento, a partir do Egito. O islã é uma religião que se fundamenta, além, do seu livro sagrado, o Alcorão, também nos feitos e ações histórica dos Profetas. Visões dos árabes, “O mundo árabe é um dos lugares mais antigo da Terra, onde seus primeiros habitantes criaram as civilizações, as cidades e os Estados mais poderosos da Terra: é o berço da História.”. “[...] em 1539 a. C., os acmênidas conquistaram Babel e se espalharam através do mundo árabe. Depois, os persas conquistaram o Iraque e os romanos se apoderaram do Egito, da Síria e da África do Norte.” .

Os árabes na Ásia;

“A conquista do Oriente também prosseguia. Abd El Marwan encarregou disso a Kotayeba, que atingiu Bukhara e Samarcanda, chegando até aos limites da China. Mais ao sul, outro exército ia até as Índias, multiplicando a construção de mesquitas e islamizando uma parte da população”. Portanto, a conquista árabe, é essencialmente apresentada como uma libertação. O autor relata que de fato, ás vésperas da chegada dos árabes, a opressão dos bizantinos era suportada com dificuldade pelas populações da Síria, do Egito e mesmo da Ifriqiya (atual Tunísia) por razões fiscais e religiosas, sendo que essas províncias eram pressionadas financeiramente por Constantinopla, pois o Estado bizantino carecia de dinheiro para o pagamento de seus mercenários. Nas Repúblicas muçulmanas na Ásia soviética, crianças de confissão xiita representam em suas brincadeiras o marítimo de Husayn, mais do que os feitos de Alexandre Nevski, para a indignação de seus professores soviéticos.

Dinastias Árabes e Genealogia da Família de Maomé:

Qoraysh’ Abd Manaf

Abd Shams Hashim

Abd AL-Muttalib

Abbas Abdallah Abu Talib

Osmar Abu Bakr

MAOMÉ Aicha

Fátima Ali Al Hanafiya Djafar

Alitas Md ben Hanafiya

Omíada Hasânidas Abdallah

Abássidas Husaínidas Ibn Moawiya

O autor traz no capítulo sexto, sob o título de Variante Persa (e Turca), ele relata que o Irã é o país que mais se distancia dos árabes. “Na história vista da Europa é a época acmênica a apresentada como a mais ilustre, na medida em que sua herança foi recolhida e reproduzida pela Grécia, por Roma, pela Renascença. Ao olhar de uma história não mais vista da Europa, a legitimidade da escolha feita pelos iranianos aparece logo: o período sassânida foi aquele em que a Pérsia brilhou de forma sem igual, num momento em que o Império romano “decadente” dobrava-se sob os golpes bárbaros, século alias fugaz, a que a conquista árabe colocaria um fim”. Portanto, o Irã coloca-se como fundador da primeira grande religião, antecedendo a posição defendida de primeiro grande império. Existe provavelmente um antagonismo com relação às raízes históricas entre o Irã dos xiitas e ao demais mundo muçulmano, com certa particularidade ao Iraque, onde pontificam os sunitas.

Assim, a história ensinada às crianças é contaminada de hostilidade ao conquistador árabe, toda a época omíada é atropelada, como as dependências dos iranianos obedeciam aos árabes. “O Irã só se torno oficialmente xiita com o advento da dinastia dos Safávidas, em 1501.

“A simpatia em relação aos descendentes de Ali é constante, mas não se observa, nos livros didáticos, nenhuma hostilidade contra os soberanos sunitas, pois estes, como os sumânidas, asseguram a sobrevivência da cultura persa, shu’ubiya, e sua difusão.”

O autor traz no capítulo sétimo, o título de Do Cristo Rei à pátria e ao Estado: A História vista da Europa,

Nele relata que todo o texto, destinados a criança de sete a oito anos, na história da Espanha se resume em longo combate pela libertação do país. Assim, acontece até os tempos heróicos dos defensores de Saragoça que resistiram a Napoleão. “Essa história da Espanha termina com a guerra de libertação” (Franco,18 de Julho de 1936) para livrar a Espanha de seus inimigos . Nessa história, apenas o Cudilloo “foi invicto” ele pôs

fim “as perseguições contra a igreja, aos assassinos e às greves diárias que ameaçavam fazer o país cair nas mãos dos comunistas.” Esse fato ocorrido na Espanha não vem a ser uma caricatura em sua forma grosseira, nem tampouco é pela característica que se conta a História num regime autoritário, já que pela vontade dos cidadãos, a Espanha, em 1931, transformou-se numa República. Enquanto que na Alemanha, o regime nazista dedicou particular atenção ao espetáculo, ao cinema, na educação da juventude. A conquista hitlerista não foi um “acidente de História” ou o trunfo de um megalomaníaco, mas a realização de um projeto que contava com apoio da sociedade alemã. “Assim, ficou bem colocado também o problema geral da responsabilidade do povo alemão, que a recusa do luto pelo Nazismo tinha por função agastar. Ora, nos anos sessenta, um dos fermentos da revolta dos jovens contra seus pais foi, na Alemanha, a discussão do comportamento deles durante a guerra e sua capacidade de não quererem reconhecer responsabilidades pelo extermínio dos judeus”. Portanto, não há necessidade que, na Inglaterra a Historia seja francófoba. Há muitos séculos Shakespeare está no lugar dela e, novo Homero, sua palavra constitui para todos os ingleses o tesouro mais compartilhado entre eles. “A França, observaria um historiador mal-humorado, não tem tanto o gênio das armas e sim o da guerra civil. Exceto em 1914, ela jamais conheceu a experiência de longa e verdadeira guerra patriótica. Lance-se um olhar sobre sua história, próxima ou remota, e fica evidente que todos os conflitos travados pela nação mais orgulhosa de suas glórias militares estavam, pouco mais pouco menos, mesclados de guerra civil: o que é claro para 1936-1945 o é também para a Revolução do Império. Ou ainda para a época de Joana d’Arc e dos Bourguignons, para Henrique IV, a liga e a época de Richelieu. Mesmo em 1870 havia um partido que secreta ou abertamente desejava a derrota daqueles que dirigiam o país”.

O capítulo oitavo sob o título de Imagens e Variantes da Historia na URSS,

Em seu conteúdo traz a observação de Nikita Kruchev, na época da desestalinização, em 1956.

“Os historiadores são pessoas perigosas; são capazes de desarrumar tudo. Devem ser dirigido.”

O problema apontado neste trecho do texto pelo autor é que o regime estabelecido pretende açambarcar o próprio movimento da História, instituindo-se em seu intérprete privilegiado. Não sabendo os dirigentes, como admitir que os historiadores possam proceder à outra análise. Destaca que esta situação não tem nada a ver com os ensinamentos de Marx.

“As relações entre homem nada devem a sua vontade (...) porque as relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento de sua força de produção (...) e é o modo de produção da vida material que determina o processo social, político e intelectual. Não é a consciência que determina o ser social, mas, ao contrário, o ser social é que determina a consciência.” (apud., Marx., p,144.).

O autor destaca que essas premissas tornam possíveis definir os grandes períodos da História: escravismo, feudalismo, capitalismo e, a inelutável degenerescência, o socialismo. Todavia, antes de 1917, existiram algumas histórias do Partido e da social-democracia russa, foi Zinoviev quem escreveu a primeira história, que vai até 1917. Indagava como deveria ser um partido político: “não a associação voluntária de pessoas que tenham a mesma opinião, dizia ele, e que adiram a um “programa comum”, adesão subjetiva sem fundamento histórico, mas “a organização combatente de uma classe social” de certa forma, tantas classes, tantos partidos.” Essa proposta, foi recebida como o cúmulo do absurdo, que o Partido Socialista-Revolucionário pudesse considerar-se um partido operário, depois um partido camponês e partido da intelectualidade trabalhadora. Assim, um absurdo que foi absorvido pelo Partido Comunista-Bolchevique da Rússia, eles esperavam que outros Partidos Comunistas adotassem semelhante identidade. No manual escolar da 9ª série, Trotski é citado em apenas três ocasiões, dentro do período de 1917 a 1932, não é dito nem uma palavra dele como fundador e organizador do Exército Vermelho. Além disso, no manual de 4ª série, de 1956 (para alunos de 13 a 14 anos), o nome de Stálin, aparece apenas duas vezes durante todo período de 1917 a 1953. Essas manipulações da história também exigem uma revisão do passado anterior a 1917. Considerada uma operação muito mais complexa, sutil e difícil de realizar e com alguns arranjos retrospectivos, enfim, por arranjos dos fatos que corresponda às exigências e necessidades da política do poder.

O autor traz no capítulo nono, sob o título de A História, Salvaguarda da Identidade Nacional na Armênia,

Ele aponta o manual destinado a crianças de 4ª série,

A Nação armênia se dissolve. Adotou a religião de Jesus no fim do século III, em 314, sendo a Armênia a primeira nação cristã da História. Mais tarde, as expedições do imperador Maurício, ao mesmo tempo o isolamento dos armênios em relação aos Sassânidas, a igreja Armênia rompia com as novas decisões adotadas pelo Concílio de Calcedônia, em 451, segundo as quais, em Jesus, a natureza divina absorvia a natureza humana (monofisismo), a natureza de Jesus não podia ser confundida. “A ruptura que daí se seguiria, em 491, conferiu a igreja Armênia sua personalidade. E teve como conseqüência o ódio da igreja “ortodoxa” de Bizânio que, à diferença da Igreja da Armênia, confundia-se com o Estado e, dessa forma, possuía um poderoso braço secular.” Então, sob a dominação sassânida, reforçou-se o sistema feudal, pois a partir daí passa a Armênia, a ser formada por principados governados pelas grandes famílias da nobreza, os Mamigonian, Artzuni, Bagatrides etc. “Houve também o fato de a população da Armênia, a do campo principalmente, ser hostil aos armênios de Bizâncio. Daí as numerosas revoltas camponesas contra o senhor “colaboracionista”, contra Bizâncio, das quais a mais prolongada foi a da região de Tondrak, no século X.”

Segundo o autor, uma tradição mantida pela igreja, a retomada da luta pela independência partiu do Catholicós Hagop IV.

Em 1678, fizeram apelo à Rússia. O Czar libertou metade da Armênia do julgo de um soberano muçulmano, se transforma a Rússia em terra de asilo. Os czares tornam-se defensores dos direitos dos armênios em terras otomanas, a aplicação do artigo do tratado de San Stefano, que diziam direito a liberdade dos armênios. No entanto, o surgimento de partidos nacionalistas e revolucionários, preparando a luta pela libertação da Armênia turca e pela unidade no país, a espera da independência.

Foi fundado o Partido Armenigan, em 1885, dando seqüência a outros, o Hentchaguian e o Dashnak, este último foi o mais ativo de todos. “A regeneração da população dessa província mutilada abrangia centenas de milhares de órfãos, mulheres, crianças refugiadas da Armênia turca, sobreviventes do genocídio, uma população exangue que o movimento nacionalista dashnak deixou entregue à própria sorte, sem ajuda das profundezas da miséria do país.”

O autor traz no capítulo décimo, sob o título de A História Vista de Perfil: A Polônia,

Ele destaca o fato de a Igreja na Polônia, ter uma imagem seguramente conservadora. No que trata os marcos cronológicos, em 966, conversão de Milszko I, que coloca seu reino sob a proteção da Santa Sé. No século XI, reação dos nobres e conflitos com o Imperador; em geral o rei é mantido pelo Papado, notadamente por Gregório VII. Entre 1587-1632, Sigismundo III, católico fervoroso, põe fim ao regime de tolerância religiosa. Em 1949, alinhamento da Polônia com a URSS e sovietização: confinamento do comunista Gomulka depois do caso Tito; o marechal Rokossovski é nomeado ministro da Defesa Nacional; confinamento do cardeal Wyszynski. Em 1956, rebelião de Poznan e volta de Gomulka: o “outubro polonês”; abandono da coletivação forçada; libertação do cardeal Wyszynski; medidas de tolerância em relação à Igreja. Entretanto, o relógio da história política pára em 1945, a história oficial, choca-se com as tradições nacionais, a sagacidade da escola histórica polonesa, falta de arquivos escritos, destruídos pelos alemães. Os historiadores descobrem o contorno feito pela história oficial, os primeiros que descobriram o potencial dos estudos localizados, mas como reveladores da historia geral. “Na história da Polônia, ocupa-se principalmente com as regiões do norte e do oeste – não com as do leste, naturalmente, que os russos tomaram.” As proibições é considerada um jogo de espelho, sendo a História polonesa vista de perfil. O ensino da História tem por finalidades formar bons cidadãos, despertar a admiração pelos heróis da história, indicar a relação do individuo com a sociedade, privilegiar os movimentos revolucionários e as lutas nacionais na Polônia e no mundo. Lembram nas escolas, a participações de poloneses na Comuna de Paris e a o início da industrialização da Polônia, a união do Czar e a burguesia contra o povo. Mostram também que Lênim, sempre se ressentiu das injustiças feitas com o povo, depositam confiança nele porque o povo lhe dedicava muito amor, participou da formação do Estado socialista e que se pronunciou em favor da independência da Polônia. Assim, não se conta o massacre cometido pelos russos em 1795, a proibição do culto católico, seguida de deportação e massacre dos oficiais do antigo exército. Somente consta, na literatura histórica da emigração que menciona esses problemas. Para sua salvaguarda seu prestigioso Status perante a opinião, a igreja deveria evitar qualquer deslize em direção da modernidade, que se tratasse da situação da mulher ou o aborto, parece ter adotado a linguagem do poder, não há uma só palavra sobre os judeus embora seja reconhecida pela tradição liberal a importância do seu papel na história da Polônia.

O autor traz no capítulo décimo primeiro, sob o título de “Nota Sobre as Incertezas da História na China”, ele destaca o manual do professor de História no liceu, publicado em 1958, pelo Centro de Educação de Xangai, as premissas apresentada em fortalecer a posição do proletariado no espírito dos jovens chineses para compreenderem as regras do desenvolvimento histórico. Lutar contra as tendências e modelos do ocidente e não na própria China. O moral socialista, a vida e o trabalho das massas, condescendência em relação aos trabalhos manuais. Essas diretriz, entre outras, editada em Xangai mostra a vontade dos dirigentes de colocar a análise histórica na dependência ideológica. No entanto, a China se separou do modelo soviético, tem o patriotismo como virtude principal e em segundo lugar a luta de classe. Na China, surgiu uma verdadeira política educacional e de ensino de História, depois da revolução de 1911, sendo que a educação moral e cívica caminhava ao lado do ensino da história, a história e geografia tinham por objetivo analisar as causas da dependência da China em relação ao exterior e explicar a situação daquele momento. Não é mencionado o mundo exterior nas escolas primárias. Assim, somente na quarta série os alunos aprendem que as duas Chinas estão separadas desde 1949. Há três mil anos, inventou o papel, a seda, a bússola a impressão etc. “como uma magnífica ilha do tesouro, como dessa forma a descreveram os antigos contos da China.”

A estagnação e o progresso, andam alinhadas a História da China, a agressão imperialista à China e dos obstáculos que as potencias criam pra que ela não fosse verdadeiramente independente, tais análises são abstratas, sujeitas a variações que seguem o curso da própria História. Todas as medidas foram tomadas para responder a necessidade do momento, controlar a opinião pública, decisão do imperador a conselho do ministro Li-Si, queima todos os livros existentes, salvos apenas os de medicina e o divinatório e, não aceitando objeções, mandou enterrar vivos cerca de 400 letrados confucionistas e taoístas.

O autor traz no capítulo décimo segundo, o título de A História do Japão: um Código ou Uma Ideologia? Ele destaca que os Fujiwara substituíram seus antecessores pela violência, no final do século XVI, usurpações

formam a trama da história do país. O ensino não tem por função fazer saber, tem por finalidade forjar o patriotismo e identificar a população com a política do seu Imperador. Ensinar as crianças à continuidade da história japonesa e compreender o privilégio de ser japonesas. Declaram seus objetivos de ensino de forma muito clara, tanto nas escolas primária como na memória popular, a história é associada a outras disciplinas, o que se chama de kokutai, a visão de que se deve ter da Nação e de seu passado. “Como a Nação é considerada uma imensa família cujo fundador é o Imperador, ele deve ser obedecido como um pai, pois os descendentes da família real constituem a Nação japonesa.” Sendo uma ligação moral e uma obrigação filial, lealdade, obediência, piedade, abnegação. A História dos príncipes, dos “grandes homens”, no ensino primário se manteve em grande parte sem modificações, reforçada por outras disciplinas, como a moral e geografia. “As famílias estavam divididas transversalmente: Yoshitomo tinha à sua frente o pai e o irmão. Cortaram os tendões de Tametomo para que ele não pudesse mais atirar com o arco; a seguir ele morreu. Quando seu pai foi se entregar, Yoshitomo ficou com um problema de consciência porque tinha o dever de sacrificar-se tanto pelo pai como pelo Imperador. Para salvar a vida do pai, ofereceu entregar todos os seus bens. Mas um conselheiro do Imperador, do clã dos Fujiwara, mandou executá-lo.”

Mais Velhos Mais Novos

Dinastia imperial SHIGEHITO GO-SHIRAKAWA (imp.)

Clã Fujiwara TADAMASHI YORINAGA

Clã Minamoto YOSHITOMO TAMETOMO

Clã Taria KIMOYORI SHIGEMORI

YORITOMO YOSHITSU

O autor traz no capítulo décimo terceiro, o título de A História “Branca” em Demolição: Os Estados Unidos,

Ele destaca logo no início do texto o primeiro livro de história escrito nos Estados Unidos, destinado a crianças e as famílias datado em 1823. Foi editado por John Prentisse e impresso por Keene, em New Hamphire. Portanto, o autor relata que a história ainda insistia em fatos que haviam dividido a América entre seitas cristãs desde os conflitos da época da fundação. Assim, a Grande Guerra muda completamente seu curso histórico, integra milhões de americanos; a grande Nação, teve por efeito esquecer e sepultar todos os conflitos do passado, depois de 1918, os que contestassem a ordem americana era considerado un-american e tratado como tais, expulsos como aconteceu aos comunistas. Foi dada ênfase a tudo que unia os americanos, principalmente o que forjava a Nação. As grandes greves dos anos 1890-1910, não foram consideradas como expressão de luta de classe, eles tinham como lema aperfeiçoamento da condição humana: igualdade, felicidade, liberdade. Foi preciso esperar 1939 para o tema da Guerra civil torna-se novamente popular, o confronto um com o outro,

Os filmes Nascimento de uma Nação e E o Vento Levou destaca bem a passagem de uma ideologia para outra. Então, a história fica despolitizada, os conflitos ficam neutralizados. Sobressai, uma espécie de populismo antiintelectual, hostil à riqueza adquirida às pressas durante a crise de 1929, celebra a virtude americana; a família, a boa vizinhança etc. A memória popular americana dos anos 1930-1960, foi representada junto com os manuais escolares; a obra de John Ford, tanto idealizava as forças armadas (Fort Apache), as guerras com os índios (Rio Grande), a família tradicional (Como Era Verde o meu Vale), como a morte do velho Far-West e dos fora-da-lei (o Homem que Matou Liberty Valence).

Griffith diverte os historiadores, mas a análise que propõe, segundo suas próprias palavras, pretende ser objetiva, sem prevenções. Nem por isso seu discurso deixa de ser menos racista e ideologicamente identificável.

Como resultado de uma longa luta começada lá por 1840, surgiu a escola pública controlada por school boards eleitos, que a princípio ninguém queria. Assim seria possível assimilar os imigrantes e americanizá-los segundo as normas da business efficiency.

Rejeitar a velha cultura e considerá-la relíquia de uma civilização fora-de-moda não foi difícil enquanto dominou a ideologia do melting-pot. E a segunda guerra consolidou-a, dando aos americanos, além disso, o sentimento de que, possuindo a mais poderosa indústria e a melhor e a mais eficiente organização do trabalho, dispunham necessariamente do melhor sistema político e cultural.

Os católicos reivindicaram em nome da igualdade, a exemplo de Nova York, participação na distribuição dos fundos públicos. Os progressos excepcionais da ciência e da técnica soviética, que embalaram os americanos a darem uma resposta, destinaram créditos para todos os domínios da pesquisa, convertendo-se em regra, mesmo nas Ciências Sociais e em História. Com a explosão estudantil de 1968, nos Estados Unidos, esteve

associada contra a guerra do Vietnã, mas à inadequação entre os discursos igualitário da instituição universitária e a sobrevivência da profunda desigualdade social que o sistema reproduzia. “(...) os negros desempenharam o papel de pioneiros do desmantelamento da apresentação tradicional da história, porque não podiam identificar-se com ela.” 1 Outras personalidades do movimento negro americano que a história ignorava completamente, Brooker T. Washington, Caver, Ralph Bunch, teve como representante dos Estados Unidos na ONU, finalmente Martin Luther King e os membros da Liga dos Direitos Civis (NAACP). Os Movimentos Negros conseguiram acrescentar nos manual de história de Nova York etc. pretendem controlar a sua própria história da mesma forma que o cinema “branco”, hollywoodiano, já tinha criado os seus próprios filmes e seus próprios artistas. Entretanto, não é homogeneidade, e nos Estados Unidos é grande a diversificação no ensino, a história se acomoda as exigências dos cidadãos.

O autor traz no capítulo décimo quarto, sob o título de Nota e Leitura Sobre a História “Proibida” Mexicanos – Americanos, Aborígines da Austrália, ele destaca que a contra-história transformou-se em História. “Analisada por Josefina Vasquez de Knauth, ela comprova que a História foi o lugar privilegiado de luta entre espanhóis e crioulos, os primeiros negando o passado anterior à conquista e os segundos valorizando-o em nome da independência obtida em 1821. No Primeiro Plano de Estudo, de 1843, que definia os objetivos (cívicos), do ensino e uniformizava a instrução, a história era obrigatória na primeira série e dela não contava o nome de Cortés. Morellos, Mina e Iturbide são os heróis-fundadores e membros eminentes do primeiro panteão mexicano” 2 O presidente do Departamento de Cultura Indígena da Austrália, Wandjuk Marika, ele pediu às crianças aborígenes que reproduzissem, através de desenhos, o que seus pais ou avós lhes contaram sobre o passado. Referiam-se a criação do mundo, aos tempos antigos, chegada dos macassans, e avinda de estranhos homens, os Whitefellas. “Nem as pessoas, nem os pássaros, nem os animais podiam ver porque não existia luz e cada um ficava onde estivesse, sem se mover. Um dia, todos os animais se reuniram e disseram: “ É preciso fazer alguma coisa para que a luz apareça.” Conversaram, conversaram, mas não aconteceu nada. Até que enfim a rã disse que poderia fazer vir o sol graças a um cântico mágico. Ela cantou, cantou mais ainda, e de repente o sol se abriu e tudo ficou claro. Todos os seres vivos vibraram de alegria, indo e vindo de cá para lá. Era possível, finalmente, enxergar as árvores, o mato, as colinas, os ribeirões (...)” 3 [...] “Foi observado entre essas crianças aborígines o desejo inibido de assimilação; por instantes, ele emerge e se faz redutor das verdades passadas, quer esteja apagado, quer esteja escondido.” 4

Questões:

1. A juventude só pode assumir os compromissos dos seus antepassados com fé, se tiver aprendido a História;

a) Se tiver aprendido com os pais a sua própria História.

b) Se tiver uma clara visão da nação e de sua herança.

c) Se tiver participado de debates na escola de forma intensiva.

d) Com uma clara visão da cultura e da política atual.

e) Com uma participação efetiva nas aulas de História.

2. O Congo que foi vitima do trafico de escravos e da colonização, no entanto, já a Monomotapa da África Oriental, mantinham relações com a índia, com os árabes e com a China;

a) Desenvolvia a caça como meio de subsistência.

1 P,268

2 Ibid, p,282

3 P, 285

4 P, 289

b) Controlavam a exportação de especiarias.

c) Desenvolvia prosperidade em toda região marítima.

d) Exploravam o comércio de minério.

e) Exportavam seus produtos internos.

3. Portanto, o islã lança um desafio ao hinduísmo, que reagiu preconizando uma religião voltada à pessoa e não ao ritual, objetivando a sublimação do individuo em Deus;

a) Como forma de agradar os Deuses.

b) Como tradição cultuava o catolicismo.

c) Tinham grandes sacerdotes que os ensinava o dom da vida.

d) Como uma forma de afastar-se das duras realidades da vida.

e) Tinham disposição para pratica da fé.

4. O islã é uma religião que se fundamenta, além, do seu livro sagrado, o Alcorão;

a) Também nas tradições mulçumana.

b) Também nos feitos e ações histórica dos Profetas.

c) Acreditam astrologia e na lei do universo.

d) Também cultuam as tradições vindas do Ocidente.

e) Acreditam na força da natureza e nos seus destinos.

5. O Irã só se tornou oficialmente xiita com o advento da dinastia dos Safávidas;

a) Em 1650.

b) Em 451.

c) Em 1321.

d) Em 1501.

e) Em 1870.

6.A conquista hitlerista não foi um “acidente de História” ou o trunfo de um megalomaníaco

a)Mas um projeto que contava com apóio de parte da Europa Ocidental.

b)Contavam com a colaboração das forças armas externas, principalmente dos países desenvolvidos.

c) Mas a realização de um projeto que contava com apoio da sociedade alemã.

d)Detiveram o controle de informações privilegiadas e armas de destruição em massa.

e)Contavam com o apoio marítimo e aeronáutico.

7.Não é a consciência que determina o ser social, mas, ao contrário:

a)O ser social é determinado pela sua intelectualidade.

b)O ser social é consciente do que é.

c)A consciência é neutra, não determina seu ser.

d) O ser social é que determina a consciência.

e)A consciência estabelece relação entre os seres.

8.Foi fundado o Partido Armenigan, em 1885, dando seqüência a outros, o Hentchaguian e o Dashnak
a)O mais ativo foi o primeiro.

b)O Partido Armenigan, foi muito importante na Armênia.

c) Este último foi o mais ativo de todos.

d)O Partido Hentchaguian, foi crucial na história da Armênia.

e)O segundo foi mais importante que os outros.

9.Com a explosão estudantil de 1968, nos Estados Unidos, esteve associada contra a guerra do Vietnã, mas à inadequação entre o discurso igualitário da;

a)Das instituições de governo e as forças armadas que ocuparam o Vietnã.

b)Das tropas aliadas em razão da sobrevivência e o sistema de produção.

c) Instituição universitária e a sobrevivência da profunda desigualdade social que o sistema reproduzia.

d)Instituição governamental que controlavam a reação interna e externa no país.

e)Nas instituições escolares, nos meios de comunicação e na política.

10.O ensino não tem por função fazer saber, tem por finalidade forjar o patriotismo e identificar a população com a política do seu Imperador, ensinar;

a)Todo o cidadão a fazerem um historia diferente.

b) As crianças à continuidade da história japonesa e compreender o privilégio de ser japonesas.

c)As crianças a desenvolverem habilidade práticas para ser usadas quando necessário.

d)Todas as classes sociais para que o conhecimento seja acessível à maioria.

e)Todas as camadas sociais, para o desenvolvimento do povo oriental.

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